A ILUSTRE CASA DE RAMIRES
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Deus, e regimen, e leite, e descanço, ainda esperava arrastar uns annos.

— Oh! com certeza! exclamou Gonçalo alegremente. E V. Ex. anão pensa que a estada em Lisboa, e as Camaras, e a Politica, a terrivel Politica, o fatiguem, o agitem?...

Não, pelo contrario, Sanches Lucena passava toleravelmente em Lisboa. Melhor mesmo que na Feitosa! Depois, gostava d’aquella distracção das Camaras. E como conservava amigos na Capital, uma roda escolhida, uma roda fina...

— Um d’esses nossos excellentes amigos, V. Ex. adecerto conhece. Elle é parente de V. Ex. a... O D. João da Pedrosa.

Gonçalo, alheio ao homem, mesmo ao nome, murmurou polidamente:

— Sim, o D. João, decerto...

E Sanches Lucena, passando pelas suissas brancas a mão magrissima, quasi transparente, onde reluzia um enorme annel d’armas de saphira:

— E não sómente o D. João... Outro dos nossos amigos é egualmente parente de V. Ex. a, e chegado. Muitas vezes temos fallado de V. Ex. a, e da sua casa. Que elle pertence tambem á primeira nobreza... É o Arronches Manrique.

— Cavalheiro muito dado, muito divertido! accrescentou D. Anna, com uma convicção que lhe