A ILUSTRE CASA DE RAMIRES
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E Gonçalo, enterrado ao canto do fundo camapé azul, desabotoando preguiçosamente o jaquetão de chaviote claro:

— Não! foi muito simples. Já ha mezes esse Relho andava bebedo, sem despegar... Uma noite berrou, ameaçou a Rosa, agarrou n’uma espingarda. Eu desci, e n’um instante a Torre ficou desembaraçada de Relhos e de barulhos.

— Mas veio o Regedor, com cabos! accudio o Barrôlo.

Gonçalo saccudiu os hombros, impaciente:

— Veio o regedor? Veio depois, para legalisar! Já o homem abalára, corrido. E como resultado arrendei a Torre ao Pereira, ao Pereira da Riosa...

Contou esse negocio excellente, tratado na varanda, ao almoço, entre dous copos de vinho verde. Barrôlo admirou a renda — gabou o rendeiro. Assim Gonçalo descortinasse outro Pereira para a quinta de Treixedo, terra tão generosa, tão mal amanhada!

Á borda do camapé, coberta pelos bellos cabellos que lavára n’essa manhã e que cheiravam a alecrim, Gracinha comtemplava o irmão com ternura:

— E do estomago, andas melhor? Continuam as ceias com o Titó?

— Oh! esse animal! exclamou Gonçalo. Ha dias prometteu jantar na Torre, até a Rosa assou um cabrito no espeto, magnifico... Depois falhou: creio