A ILUSTRE CASA DE RAMIRES
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e cingido de ferro atira a acha-d’armas ás portas de Jerusalem, recebe ella na sua camara, com os braços nús, por noite de Maio e de lua, o pagem de annellados cabellos... Depois ruge o inverno, o castellão volta, mais barbudo, com um bordão de romeiro. Pelo villico do Castello, homem espreitador e de amargos sorrisos, conhece a traição, a macula no seu nome tão puro, honrado em todas as Hespanhas! E ai do pagem! ai da dama! Logo os sinos tangem a finados. Já no patim da Alcaçova o verdugo, de capuz escarlate, espera, encostado ao machado, entre dous cepos cobertos de pannos de dó... E no final choroso da D. Guiomar, como em todas essas historias do Romanceiro d’Amor, tambem brotavam rente ás duas sepulturas, escavadas no êrmo, duas roseiras brancas a que o vento enlaçava os aromas e as rosas. De sorte que (como notou José Lucio Castanheiro, coçando pensativamente o queixo) não resaltava n’esta D. Guiomarnada que fosse «só portuguez, só nosso, abrolhando do sólo e da raça!» Mas esses amores lamentosos passavam n’um solar de Riba-Côa: os nomes dos cavalleiros, Remarigues, Ordonho, Froylas, Gutierres, tinham um delicioso sabor godo: em cada tira resoavam bravamente os genuinos: « Bofé!... Mentes pela gorja!... Pagem, o meu murzello!...»: e através de toda esta vernaculidade circulava uma sufficiente turba de cavallariços com saios alvadios, beguinos