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A ILUSTRE CASA DE RAMIRES

das Donas que s’arrastava entre as pedras lustrosas, em fios escassos, com dormido murmurio. Sobre um outeiro, dos lados de Ramilde, avultava, entre possantes ruinas erriçadas de sarças, a denegrida Torre Redonda, resto da velha Honra de Avellans, incendiada durante as cruas rixas dos de Salzedas e dos de Landim, e agora habitada pela alma gemente de Guiomar de Landim, a Mal-casada. No cabeço fronteiro e mais alto, dominando o valle, o mosteiro de Recadães estendia as suas cantarias novas, com o forte torreão, asseteado como o d’uma fortaleza — d’onde os monges se debruçavam, espreitando, inquietos com aquelle coriscar d’armas que desde alva enchia o valle. E o mesmo temor acossára as aldeias chegadas — porque, sobre a crista das collinas, se apressavam para o santo e murado refugio do convento gentes com trouxas, carros toldados, magras filas de gados.

Ao avistar tão rijo troço de cavalleiros e peões, espalhado até á beira do riacho por entre a sombra dos freixos, Lourenço Ramires soffreou, susteve a leva, junto d’um montão de pedras onde apodrecia, encravada, uma tosca cruz de pau. E o seu esculca que largára redeas soltas, estirado sob o escudo de couro, para reconhecer a mesnada — logo voltou, sem que frecha ou pedra de funda o colhessem, gritando:

— São homens de Bayão e da Hoste Real!