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A ILUSTRE CASA DE RAMIRES

malha cobria, toda acairelada d’ouro, atirava a mão calçada de ferro, clamava:

— Para traz, d’onde vieste, voltarás, bulrão traidor, se eu por mercê mandar a teu pae o teu corpo n’umas andas!

Estes feros desafios rolavam em versos serenamente compassados no Poemeto do Tio Duarte. E depois de os reforçar, Gonçalo Mendes Ramires, (sentindo a alma enfunada pelo heroismo da sua raça como por um vento que sopra de funda compina) arrojou um contra o outro os dous bandos valorosos. Grande briga, grande grita...

— Ala! Ala!

— Rompe! Rompe!

— Cerra por Bayão!

— Casca pelos Ramires!

Através da grossa poeirada e do alevanto zunem os garruchões, as rudes balas de barro despedidas das fundas. Almogavres de Santa-Ireneia, almogavres da Hoste Real, em turmas ligeiras, carregam, topam, com baralhado arremesso d’ascumas que se partem, de dardos que se cravam: e ambas logo refogem, refluem — em quanto, no chão revolto, algum mal-ferido estrebucha aos urros, e os atordoados cambaleando buscam, sob o abrigo do arvoredo, a fresquidão do riacho. Ao meio, no embate mais nobre da peleja, por cima dos corceis que se empinam, arfando