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A ILUSTRE CASA DE RAMIRES

a trama falseada do camalho lhe borbulhavam do hombro, pela loriga, fios lentos de sangue. Um lanço de virotão, que lhe partira as charneiras da greva esquerda, fendera a perna d’onde mais sangue brotava, ensopando o forro d’estopa. Depois, varado por uma frecha na anca, o seu grande ginete abateu, rolou, estalando no escoucear as cilhas pregueadas. E, desembrulhado dos loros com um salto, Lourenço Ramires encontrou em roda uma sebe erriçada de espadas e chuços, que o cerraram — em quanto do outeiro, debruçado na sella, o Bastardo bramava:

— Tende! tende! para que o colhaes ás mãos!

Trepando por cima de corpos, que se estorcem sob os seus sapatos de ferro, o valente moço arremette, a golpes arquejados, contra as pontas luzentes que recuam, se furtam... E, triumphantes, redobram os gritos de Lopo de Bayão:

— Vivo, vivo! tomadel-o vivo!

— Não, se me restar alma, villão! rugia Lourenço.

E mais raivosamente investia, quando um calhau agudo lhe acertou no braço — que logo amorteceu, pendeu, com a espada arrastando, presa ainda ao punho pelo grilhão, mas sem mais servir que uma roca. N’um relance ficou agarrado por peões que lhe filavam a gorja, emquanto outros com varadas