A ILUSTRE CASA DE RAMIRES
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Bem, acabou. Oh! Rosa, dê a estes rapazes, para a ceia, mais uma caneca de vinho... A vêr se para outra vez se affoutam, se apparecem...

Era agora como um antigo senhor, um Ramires d’outros seculos, justo e avisado, que reprehende uma fraqueza dos seus solarengos — e logo perdôa por conta e amor das façanhas proximas. Depois com a bengala ao hombro, como uma lança, subio pela lobrega escada da cozinha. E em cima no quarto, apenas o Bento entrára para o vestir, recomeçou a sua epopeia, mais carregada, mais terrifica — assombrando o sensivel homem, estacado rente da commoda, sem mesmo pousar a enfusa d’agoa quente, as botas envernisadas, a braçada de toalhas que o ajoujavam... O Casco! O José Casco dos Bravaes, bebedo, rompendo para elle, sem o conhecer, com uma foice enorme, a berrar — «Morra, que é marrão!...» E elle na estrada, deante do bruto, de bengalinha! Mas atira um salto, a foiçada resvala sobre um tronco de pinheiro... Então arremette desabaladamente, brandindo a bengala, gritando pelo Ricardo e pelo Manoel como se ambos o escoltassem — e ataranta o Casco, que recua, se some pela azinhaga, a cambalear, a grunhir...

— Hein, que te parece? Se não é a minha audacia,