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A ILUSTRE CASA DE RAMIRES

alguns enredos da Côrte, proclamavam a necessidade d’uma «Orientação positiva» e d’um «largo fomento rural», consideravam como leviandade reles e jacobina a irreverencia da Academia pelos Dogmas, e, mesmo passeando ao luar no Choupal ou no Penedo da Saudade, discorriam com ardor sobre os dous Chefes de Partido — o Braz Victorino, o homem novo dos Regeneradores, e o velho Barão de S. Fulgencio, chefe classico dos Historicos. Inclinado para os Regeneradores, por que a Regeneração lhe representava tradicionalmente idéas de conservantismo, de elegancia culta e de generosidade, Gonçalo frequentou então o Centro Regenerador da Couraça, onde aconselhava á noite, tomando chá preto, «o fortalecimento da auctoridade da Corôa», e «uma forte expansão colonial!» Depois, logo na Primavera, desmanchou alegremente esta gravidade politica: e ainda tresnoitou, na taberna do Camolino, em bacalhoadas festivas, entre o estridor das guitarras. Mas não alludio mais ao seu grande Romance em dous volumes: e ou recuára ou se esquecera da sua missão d’Arte Historica. Realmente só na Paschoa do Quinto-Anno retomou a penna — para lançar, na Gazeta do Porto, contra um seu patricio, o Dr. André Cavalleiro, que o Ministerio do S. Fulgencio nomeára Governador civil de Oliveira, duas correspondencias muito acerbas, d’um rancor intenso e pessoal, (a ponto de chasquear «a feroz