A ILUSTRE CASA DE RAMIRES
225

de novo, e para sempre, as duas almas apartadas. Depois, ao cimo da escadaria de pedra onde o acompanhára, André, repenetrando timidamente no Passado, murmurou com um riso pensativo: — «Que tens tu feito ultimamente, n’essa querida Torre?» E, ao saber da Novella para os Annaes, suspirou com saudade dos tempos de Imaginação e d’Arte em Coimbra, quando elle amorosamente lapidava o primeiro canto d’um poema heroico, o Fronteiro de Ceuta. Emfim outro abraço — e alli voltava deputado por Villa-Clara.

Todos esses campos, esses povoados que avistava da portinhola da caleche, era elle que os representava em Côrtes, elle, Gonçalo Mendes Ramires... E superiormente os representaria, mercê de Deus! Porque já as idéas o invadiam, viçosas e ferteis. Na Vendinha, emquanto esperava que lhe frigissem um chouriço com ovos e duas postas de savel, meditou, para a Resposta ao Discurso da Corôa, um esboço sombrio e áspero da nossa Administração na Africa. E lançaria então um brado á Nação, que a despertasse, lhe arrastasse as energias para essa Africa portentosa, onde cumpria, como gloria suprema e suprema riqueza, edificar de costa a costa um Portugal maior!... A noite cerrára, ainda outras idéas o revolviam, vastas e vagas — quando o