A ILUSTRE CASA DE RAMIRES
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foi o que lhe dissemos, tia Maria! Logo pela manhã, o vão soltar!» — E do outro o Bento, batendo na coxa, com impaciencia: — «Oh mulher, acabe com esse escarceu! Pois se o Snr. Dr. prometteu! Logo pela manhã o vão soltar!»

Mas ella não se calmava, com o lenço da cabeça desmanchado, uma trança desprendida, soluçando e clamando atravez dos soluços:

— Ai que eu morro, se o não vejo solto! Ai perdão, meu rico Senhor da minha alma!...

Então Gonçalo, que aquelle infindavel e obtuso queixume torturava, como um ferro cravado e recravado, bateu o chinello nas lages, berrou:

— Escute, mulher! E olhe para mim! Mas de pé, de pé!... E olhe bem, olhe direita!

Hirtamente erguida, atirando as mãos para as costas como a escapar d’algemas que tambem a ameaçassem — ella arregalou para o Fidalgo os olhos espavoridos, fundos olhos pretos, de fundas olheiras tristes, que lhe enchiam a face rechupada e morena.

— Bem, perfeitamente! exclamava Gonçalo. E agora diga! Acha que tenho bojo de lhe mentir, quando vocemecê está n’essa afflicção? Pois então socegue, acabe com os gritos, que, sob minha palavra, ámanhã cedo, o seu homem está solto!

E a Rosa e o Bento, ambos triumphando:

— Pois que lhe dizia a gente, creatura de Deus?