A ILUSTRE CASA DE RAMIRES
289

caminhos de ferro!... De Veneza a Constantinopla um mero passeio. Depois, de Constantinopla a Smyrna, um dia, dous dias, n’um vapor excellente. E d’ahi n’uma bôa caravana, por Tripoli, pela antiga Sidonia, penetravamos em Galiléa... Galiléa! Hein Gonçalo? Que belleza!

Padre Sueiro, suspendendo o garfo, lembrou timidamente — que em Galiléa o Snr. Gonçalo Ramires pisaria terra que outr’ora, por pouco, pertencera á sua Casa:

— Um dos antepassados de V. Ex. a, Gutierres Ramires, companheiro de Tancredo na primeira Cruzada, recuzou o ducado de Galiléa e de Além-Jordão...

— Fez pessimamente! gritou Gonçalo, rindo. Oh, esse avô Gutierres andou pessimamente! Por que não existia agora, n’este mundo, disparate mais divertido do que eu Duque de Galiléa! O Snr. Gonçalo Mendes Ramires, Duque de Galiléa e d’Além-Jordão!... Era simplesmente de rebentar!

Cavalleiro protestou, com sympathia:

— Ora essa! Por que?

— Não acredite! acudiu, com os olhos coruscantes, D. Maria Mendonça. O primo Gonçalo, com todas estas graças, no fundo, é muitissimo aristocrata... Mas terrivelmente aristocrata!

O Fidalgo da Torre pousou o copo de Vidainhos, depois d’um trago saboreado e fundo: