306
A ILUSTRE CASA DE RAMIRES

a offerecer a sua vida! Ah! como era facil ser Rei — e ser Rei popular!

E esta certeza mais o animava a obedecer ás recommendacões do Cavalleiro — a começar immediatamente as suas visitas aos Influentes eleitoraes, essas aduladoras visitas que assegurariam á Eleição uma unanimidade arrogante. Logo ao fim do almoço, mesmo sobre a toalha, arredando os pratos, copiou a lista d’esses Magnates — por um rascunho annotado que lhe fornecera o João Gouveia. Era o Dr. Alexandrino; o velho Gramilde, de Ramilde; o Padre José Vicente, da Finta; outros menores: — e o Gouveia marcára com uma cruz, como o mais poderoso e mais difficil, o Visconde de Rio-Manso, que dispunha da immensa freguezia de Canta-Pedra. Gonçalo conhecia esses senhores, homens de propriedade e de dinheiro (com todos outr’ora o papá andára endividado) — mas nunca encontrára o Visconde de Rio-Manso, um velho brazileiro, dono da quinta da Varandinha, onde vivia solitariamente com uma neta de onze annos, essa linda Rosinha que chamavam «o botão de Rosa», a herdeira mais rica de toda a Provincia. E logo n’essa tarde, em Villa-Clara, reclamou ao João Gouveia uma carta d’apresentação para o Rio-Manso:

O Administrador hesitou:

— Vossê não precisa carta... Que diabo! Vossê