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A ILUSTRE CASA DE RAMIRES

com uma carta «que trouxera um moço da Feitosa...»

— Da Feitosa?

— Sim senhor, da quinta do snr. Sanches Lucena, que Deus haja. Diz que vinha de mandado das senhoras...

— Das senhoras!... Que senhoras?

Sem tarja de luto, a carta não era da bella D. Anna... Mas era de D. Maria Mendonça, que assignava — «prima muito amiga, Maria Severim.» N’um relance a leu, colhido logo por esta surpreza nova, distrahido da venda do Pintainho e da affronta: — «Meu querido Primo. Estou ha tres dias aqui com a minha amiga Annica, e como passou o mez inteiro do nojo e ella já póde sahir (e até precisa porque tem andado fraca) eu aproveito a occasião para percorrer estes arredores que dizem tão bonitos, e pouco conheço. Tencionamos no Domingo visitar Santa Maria de Craquêde, onde estão os tumulos dos antigos tios Ramires. Que impressão me vae fazer!... Mas, ao que parece, além dos tumulos do claustro, ha outros, ainda mais antigos, que foram arrombados no tempo dos Francezes, e que ficam n’um subterraneo, onde se não póde entrar sem licença e sem que tragam a chave. Peço pois, querido Primo, que dê as suas ordens para que no Domingo possamos descer ao subterraneo, que