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A ILUSTRE CASA DE RAMIRES

Esposa romana, meu amigo, e dos bons tempos romanos!

Gonçalo, enterrado no camapé, torcia lentamente o bigode, regalado, recolhendo as revelações. E o Gouveia, no meio da sala, com um gesto convencido e superior:

— Nem admira! Estas mulheres muito formosas são insensiveis. Bellos marmores, mas frios marmores... Não, Gonçalinho, lá para o sentimento, e para a alma, e mesmo para o resto, venham as mulheres pequeninas, magrinhas, escurinhas! Essas sim!... Mas os grandes mulherões brancos, do genero Venus, só para vista, só para museo.

Videirinha arriscou uma duvida:

— Uma senhora tão bonita como a snr. aD. Anna, e com aquelle sangue, assim casada com um velhote...

— Ha mulheres que gostam de velhotes por que ellas mesmas teem sentimentos velhotes! — declarou o Gouveia, de dedo erguido, com immensa auctoridade e immensa philosophia.

Mas a curiosidade de Gonçalo não se contentava. E na Feitosa? Nunca se rosnára d’alguma aventura escondida? Parece que com o Dr. Julio...

De novo o Fidalgo inventava. De novo Gouveia, repelliu a «mentira»:

— Nem na Feitosa, nem em Oliveira, nem em