A ILUSTRE CASA DE RAMIRES
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— Pelo Sangue de Christo! em boa hora vem que nos poupa caminho! Hein, Garcia Viegas? A cavallo e sobre elle...?

Mas, rente aos tropegos calcanhares de Ordonho, correra um Coudel de Besteiros, que gritou dos humbraes, saccudindo o capello de couro:

— Senhor! Senhor! A gente de Bayão parou ao Cruzeiro! E um cavalleiro moço, com um ramo verde, está deante das barbacans, como trazendo mensagem...

Tructesindo bateu o sapato de ferro sobre as lages, indignado com tal embaixada mandada por tal villão... — Mas Garcia Viegas, que d’um sorvo enxugára o pucaro, recordou serenamente e lealmente os preceitos:

— Tende, tende, primo e amigo! Que, por uso e lei d’aquem e d’além serras, sempre mensageiro com ramo se deve escutar...

— Seja pois! bradou Tructesindo. Ide vós fóra ás barreiras com duas lanças, Ordonho, e sabei do recado!

O Villico rebolou pela denegrida escada de caracol até ao patim da Alcaçova. Dous accostados, de lança ao hombro, recolhendo d’alguma rolda, conversavam com o armeiro, que sarapintára de amarello e escarlate cabos d’ascumas novas e as enfileirava contra o muro para seccarem.