350
A ILUSTRE CASA DE RAMIRES

— Por ordem do Senhor! gritou Ordonho. Lança direita, e commigo ás barbacans, a receber mensagem!...

Ladeado pelos dous homens que se aprumaram, atravessou as barreiras; e pelo postigo da barbacan, que uma quadrilha de besteiros guardava, sahiu ao terreiro da Honra, largueza de terra calcada, sem relva ou arvore, onde se erguiam ainda as traves carcomidas d’uma antiga forca, e se amontoavam agora, para os concertos da Alcaçova, ripas de madeira, e grossas cantarias lavradas. Depois, sem arredar do humbral, empinando o ventre entre os dous accostados, bradou ao moço Cavalleiro, que esperava sob o rijo sol, sacudindo os moscardos com o seu ramo d’amoreira:

— Dizei de que gente sois! e a que vindes! e que credencia trazeis!...

E como arqueára logo a mão inquieta sobre a orelha — o Cavalleiro, serenamente, entalando o ramo entre o coxote e o arção, arqueou tambem os dous guantes relusentes d’escamas na abertura do casco, bradou:

— Cavalleiro do solar de Bayão!... Credencia não trago que não trago embaixada... Mas o Snr. D. Lopo ficou além ao Cruzeiro, e deseja que o nobre senhor da Honra, o Snr. Tructezindo Ramires, o escute do eirado da barbacan...