e teima, como se todo o corpo e alma fossem de rijo ferro.
Então o Bastardo, arrojando o guante contra o muro da barbacan, rugio, chammejante e rouco:
— Pois pelo sangue de Christo e pela alma de todos os meus te juro, que se me não dás n’este instante essa mulher que eu quero e que me quer, sem filho ficas, que por minhas mãos, deante de ti e nem que todo o Céo accuda, lhe acabo o resto da vida!
Já na mão lhe lampejava um punhal. Mas n’um impeto de sublime orgulho, um impeto sobrehumano, em que cresceu como outra escura torre entre as torres da Honra, Tructesindo arrancára a espada:
— Com esta, covarde! com esta! Para que seja puro, não vil como o teu, o ferro que atravessar o coração de meu filho!
Furiosamente, com as duas possantes mãos, arremessou a espada, que rodopiou silvando e faiscando, se cravou no duro chão, onde tremia, ainda faiscava, como se uma colera heroica tambem a animasse. E no mesmo relance, com um urro, um salto do ginete, o Bastardo, debruçado do arção, enterrára o punhal na garganta de Lourenço — em golpe tão cravado que o esguicho do sangue lhe salpicou a clara face, as barbas d’ouro.