A ILUSTRE CASA DE RAMIRES
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— E agora, senhores, a cavallo, e vingança brava!

Já pelos páteos, em torno da Alcaçova, corria um precipitado fragor d’armas. Aos asperos commandos dos almocadens as filas de besteiros, d’archeiros, de fundibularios, rolavam dos adarves dos muros para cerrar as quadrilhas. Rapidamente, os cavallariços da carga amarravam sobre o dorso das mulas os caixotes do almazem, os alforges da trebalha. Pelas portas baixas da cosinha, peões e sergentes, antes de largar, bebiam á pressa uma conca de cerveja. E no campo das barreiras os cavalleiros, chapeados de ferro, carregadamente se içavam, com a ajuda dos donzeis, para as altas sellas dos ginetes — logo ladeados pelos seus infanções e acostados, que aprumavam a lança sobre o coxote assobiando aos lebreus.

Emfim o Alferes, Affonso Gomes, saccou da funda e desfraldou o pendão n’um embalanço largo em que as azas do Açor negrejaram, abertas, como soltando o vôo enfurecido. O grito agudo do Adail resoára por toda a cerca — ala! ala!De cima de um marco de pedra, junto ao postigo do barbacan, Frei Muncio estendia as magras mãos ainda tremulas, abençoava a hoste. Então Tructesindo, sobre o seu murzello, recebeu do velho Ordonho a espada, de que tão terrivelmente se apartára. E estendendo a reluzente folha para as torres da sua Honra como para um altar, bradou: