A ILUSTRE CASA DE RAMIRES
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com a mão encostada á humbreira, chasqueou o rapasote:

— Oh Manoel, que estás tu ahi a ensinar o caminho, homem! Este caminho por aqui não é para asnos!

Gonçalo sentiu a pallidez que o cobriu — e todo o sangue no coração, n’um tumulto confuso, que era de medo e de raiva. Um novo ultrage, do mesmo homem, sem provocação! Apertou os joelhos no sellim para galopar. E a tremer, n’um esforço que o engasgava:

— Vossê é muito atrevido! É já pela terceira vez! Eu não sou homem para levantar desordens n’uma estrada... Mas fique certo que o conheço, e que não escapa sem lição.

Immediatamente, o outro agarrou a um cajado curto e saltou á estrada, affrontando a egoa, com as suissas erguidas, um riso de immenso desafio:

— Então cá estou! Venha agora a lição... E para diante é que Vossê já não passa, seu Ramires de merd...

Uma nevoa turvou os olhos esgaseados do Fidalgo. E de repente, n’um inconsciente arranque, como levado por uma furiosa rajada de orgulho e força, que se desencadeava do fundo do seu ser, gritou, atirou a fina egoa n’um galão terrivel! E nem comprehendeu! O cajado sarilhára! A egoa empinava,