A ILUSTRE CASA DE RAMIRES
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que abalára, forçando as passadas derreadas, limpando o suor que lhe pingava. Depois, pela conhecida estrada, galopou para a Torre.

E ia levado, galopando n’uma alegria tão fumegante, que o lançava em sonho e devaneio. Era como a sensação sublime de galopar pelas alturas, n’um corcel de lenda, crescido magnificamente, roçando as nuvens lustrosas... E por baixo, nas cidades, os homens reconheciam n’elle um verdadeiro Ramires, dos antigos na Historia, dos que derrubavam torres, dos que mudavam a configuração dos Reinos, — e erguiam esse maravilhado murmurio que é o sulco dos fortes passando! Com razão! com razão! Que ainda de manhã, ao sahir da Torre, não ousaria marchar para um rapazola decidido que brandisse um varapau... E depois, de repente, na solidão d’aquella casa terrea, quando o bruto das suissas louras lhe atira a suja injuria — eis um não sei quêque se desprende dentro do seu ser, e transborda, e lhe enche cada veia de sangue ardido e lhe enrija cada nervo de força destra, e lhe espalha na pelle o desprezo e a dôr, e lhe repassa fundamente a alma de fortaleza indomavel... E agora alli voltava, como um varão novo, soberbamente virilisado, liberto emfim da sombra que tão dolorosamente assombreára a sua vida, a sombra molle e torpe do seu mêdo! Por que sentia que, agora se todos os