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A ILUSTRE CASA DE RAMIRES

valentões de Nacejas o affrontassem n’um rijo erguer de cajados — esse não sei quê, lá dentro, no seu ser, de novo se soltaria, e o arremessaria, com cada veia inchada, cada nervo retesado, para o delicioso fragor da briga! Emfim era um homem! Quando em Villa Clara o Manuel Duarte, o Titó com o peito alto, contassem façanhas, já elle não enrolaria encolhidamente o cigarro — encolhido, mudo não sómente pela ausencia desconsoladora das valentias, mas sobretudo pela humilhante recordação das fraquezas. E galopava, galopava apertando furiosamente o cabo do chicote, como para investidas mais bellas. Para além dos Bravaes, mais galopou, ao avistar a Torre. E singularmente lhe pareceu, de repente, que a sua Torre, agora mais sua, e que uma affinidade nova fundada em gloria e força, o tornava mais senhor da sua Torre!

 

 

Como para acolher Gonçalo mais dignamente, o portão grande, sempre cerrado, offerecia uma entrada triumphal com os dous pesados batentes escancarados. Elle atirou a egoa para o meio do pateo, bradando:

— Oh Joaquim! Oh Manoel! Eh lá! um de vossês!

O Joaquim surdiu da cavallariça, de mangas arregaçadas, com uma esponja na mão.