A ILUSTRE CASA DE RAMIRES
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á face querida, todo o seu amuo se fundio em ternura. Com ella ainda chegada ao coração, suspirou de leve, como uma creança cançada. Depois apertando as duas pobres mãos tremulas, com um lento, enternecido sorriso, em quanto os olhos se lhe humedeciam de confusa emoção, de confusa alegria:

— Pois foi o diabo, filha! Uma desordem horrivel, eu que sou tão pacato! imagina tu...

E pelo corredor recomeçou para Gracinha, que arfava, e para a Rosa, estarrecida, a historia do encontro, e o sujo ultrage, o tiro que falhára e os malandros lacerados a chicote, e o velho marchando como um captivo, a gemer pela estrada de Ramilde. Apertando o peito, n’um desmaio, Gracinha murmurou:

— Ai, Gonçalo! E se um dos homens estivesse morto!

O Barrôlo, mais vermelho que uma pionia, berrou logo que taes malandros mereciam ricamente a morte! E mesmo feridos, ainda necessitavam castigo tremendo d’Africa! O Gouveia! era necessario mandar a Villa-Clara, avisar o Gouveia!... Mas largas passadas ávidas abalaram o soalho — e foi o Bento, que se ergueu deante de Gonçalo, bracejando n’uma ancia:

— Então, Snr. Doutor?... Diz que uma grande desordem!...