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A ILUSTRE CASA DE RAMIRES

através do matto, na esperança d’atravessar com um virote alguma caça erradia. Na ribanceira, deante da lagôa, os cavalleiros, sentados sobre grossas mantas, comiam tambem, em roda dos alforges abertos, cortando com os punhaes nacos de gordura nas grossas viandas de porco, empinando, em longos tragos, as bojudas cabaças de vinho.

Convidado por D. Pedro de Castro, o velho Sabedordescançava, partilhando d’uma larga escudella de barro, cheia de bolo papal, d’um bolo de mel e flôr de farinha, onde ambos enterravam lentamente os dedos, que depois limpavam ao forro dos morriões. Só o velho Tructesindo não comia, não repousava, hirto e mudo deante do seu pendão, entre os seus dous mastins, n’aquelle fero dever de acompanhar, sem que lhe escapasse um arrepio, um gemido, um fio de sangue, a agonia do Bastardo. Debalde o Castellão, estendendo para elle um pichel de prata, gabava o seu vinho de Tordesillas, fresco como nenhum d’Aquilat ou de Provins, para a sede de tão rija arrancada. O velho Rico-Homem nem attendera: — e D. Pedro de Castro, depois de atirar dous pães aos alões fieis, recomeçou discorrendo com Garcia Viegas sobre aquelle teimoso amor do Bastardo por Violante Ramires que arrastára a tantos homizios e furores.

— Ditosos nós, Snr. D. Garcia! Nós a quem