A ILUSTRE CASA DE RAMIRES
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agoa, agoa!No seu furor as unhas, que uma volta de amarras lhe collára contra as fortes côxas, esfarrapavam a carne, cravavam-se na fenda esfarrapada, ensopadas de sangue.

E o furioso tumulto esmorecia n’um longo gemer cançado — até que parecia adormecido nos grossos nós das cordas, as barbas relusindo sob o suor que as alagára como sob um grosso orvalho, e entre ellas a espantada lividez d’um sorriso delirado.

No emtanto já na hoste derramada pelos cerros, como por um palanque, se embotára a curiosidade bravia d’aquelle supplicio novo. E se acercava a hora da ração de meridiana. O Adail de Santa Ireneia, depois o Almocadem Hespanhol, mandaram soar os anafins. Então todo o áspero ermo se animou com uma faina d’arraial. O almazem das duas mesnadas parára por detraz dos morros, n’uma curta almargem d’herva, onde um regato claro se arrastava nos seixos, por entre as raizes de amieiros chorões. N’uma pressa esfaimada, saltando sobre as pedras, os peões corriam para a fila dos machos de carga, recebiam dos uchões e estafeiros a fatia de carne, a grossa metade d’um pão escuro: e, espalhados pela sombra do arvoredo, comiam com silenciosa lentidão, bebendo da agoa do regato pelas concas de pau. Depois preguiçavam, estirados na relva, — ou trepavam em bando pela outra encosta dos morros,