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A ILUSTRE CASA DE RAMIRES

E das palpebras novamente cerradas, entumecidas, um muco gotejava, tambem como de lagrimas engrossadas com sangue.

A peonagem, no emtanto, voltando da ração, reatulhava a ribanceira, pasmava, com rudes chufas para o corpo pavoroso que as bichas ainda sugavam. Já os pagens recolhiam manteis e alforges. D. Pedro de Castro descera do cabeço com o Sabedoraté á borda da agoa lodosa, onde quasi mergulhava os sapatos de ferro, para contemplar, mais de cerca, o agonisante de tão rara agonia! E alguns senhores, estafados com a delonga, afivelando os gibanetes, murmuravam: — «Está morto! Está acabado!»

Então Garcia Viegas gritou ao Coudel dos Bésteiros:

— Ermigues, ide vêr se ainda resta alento n’aquella postema.

O Coudel correu pelo passadiço de traves, e arrepiado de nojo palpou a livida carne, acercou da bocca, toda aberta, a lamina clara da adaga que desembainhára.

— Morto! morto! — gritou.

Estava morto. Dentro das cordas que o arroxeavam o corpo escorregava, engilhado, chupado, esvasiado. O sangue já não manava, havia coalhado em postas escuras, onde algumas bichas teimavam latejando, relusindo. E outras ainda subiam, tardias. Duas,