A ILUSTRE CASA DE RAMIRES
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XI


Quando Gonçalo, estafado e já todo o ardor bruxuleando, retocou este derradeiro traço da affronta — a sineta no corredor repicava para o almoço. Emfim! Deus louvado! eis finda essa eterna Torre de Ramires! Quatro mezes, quatro penosos mezes desde Junho, trabalhára na sombria resurreição dos seus avós barbaros. Com uma grossa e carregada lettra, traçou no fundo da tira Finis. E datou, com a hora, que era do meio-dia e quatorze minutos.

Mas agora, abandonada a banca onde tanto labutára, não sentia o contentamento esperado. Até esse supplicio do Bastardo lhe deixára uma aversão por aquelle remoto mundo Affonsino, tão bestial, tão deshumano! Se ao menos o consolasse a certeza de que reconstituira, com luminosa verdade, o ser moral d’esses avós bravios... Mas que! bem receava