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A ILUSTRE CASA DE RAMIRES

que sob desconcertadas armaduras, de pouca exactidão archeologica, apenas s’esfumassem incertas almas de nenhuma realidade historica!... Até duvidava que sanguesugas recobrissem, trepando d’um charco, o corpo d’um homem, e o sugassem das côxas ás barbas, em quanto uma hoste mastiga a ração!... Emfim, o Castanheiro louvára os primeiros Capitulos. A Multidão ama, nas Novellas, os grandes furores, o sangue pingando: e em breve os Annaes espalhariam, por todo o Portugal, a fama d’aquella Casa illustre, que armára mesnadas, arrasára castellos, saqueára comarcas por orgulho de pendão, e affrontára arrogantemente os Reis na curia e nos campos de lide. O seu verão, pois, fôra fecundo. E para o coroar, eis agora a Eleição, que o libertava das melancolias do seu buraco rural...

Para não retardar as visitas ainda devidas aos Influentes, e tambem para espairecer, logo depois d’almoco montou a cavallo — apezar do calor, que desde a vespera, e n’aquelle meado d’outubro, esmagava a aldeia com o refulgente peso d’uma canicula d’Agosto. Na volta da estrada, dos Bravaes um homem gordo, de calça branca enxovalhada, que s’apressava, bufando, sob o seu guarda-sol de panninho vermelho, deteve o Fidalgo com uma cortezia immensa. Era o Godinho, amanuense da Administração. Levava um officio urgente ao Regedor dos