recuára para a sombra da sala, pigarreando, affinando os bordões, pousado com melancolia á borda d’um banco alto.
— A Soledad, Videirinha! pediu o bom Titó, pensativo, enrolando um grosso cigarro.
Videirinha gemeu deliciosamente a Soledad:
Quando fôres ao cemiterio
Ai Soledad, Soledad!...
Depois, apenas elle findou, acclamado, e emquanto acertava as cravelhas, o Fidalgo da Torre e João Gouveia, com os cotovellos na mesa, os charutos fumegando, conversaram sobre essa venda de Lourenço Marques aos Inglezes, preparada surrateiramente (conforme clamavam, arripiados de horror, os jornaes da Opposição) pelo Governo do S. Fulgencio. E Gonçalo tambem se arripiava! Não com a alienação da Colonia — mas com a impudencia do S. Fulgencio! Que aquelle careca obeso, filho sacrilego d’um frade que depois se fizera mercieiro em Cabecelhos, trocasse a libras, para se manter mais dois annos no Poder, um pedaço de Portugal, torrão augusto, trilhado heroicamente pelos Gamas, os Athaydes, os Castros, os seus proprios avós — era para elle uma abominação que justificava todas as violencias, mesmo uma revolta, e a casa de Bragança enterrada