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A ILUSTRE CASA DE RAMIRES

que chegara d’Oliveira, dias antes, e contou muito alegremente do casamento da Mariquinhas Marges. Todo esse verão, como o Barrôlo decidira fazer obras consideraveis no velho palacete do Largo d’El-Rei, o passaram na quinta da Murtosa, que ella escolhera por causa da linda matta, dos altos muros de convento. A essa solidão attribuiu logo o Barrôlo a sua melancolia, a sua magreza, aquelle cansado scismar a que se abandonava, pelos bancos musgosos da matta, com um romance esquecido no regaço. Para que ella se distrahisse, se fortificasse com banhos do mar, alugou em Setembro, na Costa, o vistoso chalet do commendador Barros. Ella não tomou banhos, nem apparecia na praia, á fresca hora das barracas, entre as senhoras sentadas em cadeirinhas baixas: — e só á tarde passeava pelo comprido areal rente á vaga, acompanhada por dous enormes galgos que lhe dera Manoel Duarte. Uma manhã, ao almoço, ao abrir as Novidades, Barrôlo pulou, com um berro, um espanto. Era a queda inesperada do Ministerio do S. Fulgencio! André Cavalleiro apresentava logo a sua demissão pelo telegrapho. E ainda pelas Novidadessouberam na Costa que S. Ex. apartira para uma «longa e pittoresca viagem», a viagem a Constantinopla, á Asia Menor, que elle annunciára ao jantar nos Cunhaes. Ella abrira um Atlas: com o dedo lento caminhou desde Oliveira