A ILUSTRE CASA DE RAMIRES
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até á Syria, por sobre fronteiras e montes: já André lhe parecia desvanecido, n’esses horisontes mais luminosos; fechou o Atlas, pensando simplesmente «como a gente muda!»

Em Novembro voltaram a Oliveira, n’um sabbado de chuva, e ella na carruagem sentia toda a melancolia e a frialdade do ceu penetrar no seu coração. Mas no Domingo acordou com um lindo sol nas vidraças. Para a missa das onze na Sé, ella estreou um chapéo novo; depois, no caminho para casa da tia Arminda, levantou os olhos para o casarão do Governo Civil: agora habitava lá outro Governador Civil, o Snr. Santos Maldonado, um moço louro que tocava piano.

Na outra primavera o Barrôlo, agora escravisado pela paixão d’obras, imaginou demolir o Mirante para construir outra estufa, mais vasta, com um repuxo entre palmeiras, que formaria «um jardim d’inverno catita.»

Os trabalhadores começaram por esvasiar o Mirante da velha mobilia que o guarnecia desde o tempo do tio Melchior: o immenso divan jazeu dois dias no jardim, encalhado contra uma sebe de buxo, e o Barrôlo, impaciente, com aquelle desusado traste, de molas quebradas, nem o consentiu nas arrecadações do sotão, mandou que o queimassem com outras cadeiras partidas, n’uma fogueira de festa, na noute