A ILUSTRE CASA DE RAMIRES
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vermelho. Um bum-bumde tambor bateu festivamente para o lado dos Bravaes, cresceu apressado, marchando: — n’algum cabeço, depois lentamente se afastou, esmoreceu, logo sumido, em arvoredos ou no valle mais fundo.

João Gouveia, que se recostára no canto do largo assento de pedra, com o seu côco sobre os joelhos, acenou para o lado dos Bravaes:

— Estou a lembrar aquella passagem do romance do Gonçalo, quando os Ramires se preparam para soccorrer as Infantas, andam a reunir a mesnada. É assim, a estas horas da tarde, com tambores: e por sitios... «Na frescura do valle...» Não! «Pelo valle de Craquêde...» Tambem não! Esperem vocês, que eu tenho boa memoria... Ah! «E por todo o fresco valle até Santa Maria de Craquêde, os atambores mouriscos abafados no arvoredo, tararam! tararam! ou mais vivos nos cerros ralatam! ralatam! convocavam á mesnada dos Ramires, na doçura da tarde...» E lindo!

Por sobre as costas do Titó que, debruçado, riscava pensativamente com o bengalão a poeira da estrada, Videirinha adeantou para o seu chefe a face estendida, com um sorriso de finura:

— Oh Snr. Administrador, olhe que talvez seja ainda mais bonito, quando os Ramires largam a perseguir o Bastardo! Cá para mim, tem mais poesia.