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A ILUSTRE CASA DE RAMIRES

as visitas do André á Torre, «occupado, como andava sempre agora, a estudar para deputado...» Depois do Natal o Cavalleiro voltou para Lisboa, para a abertura das Côrtes, muito apetrechado, com o seu creado Matheus, uma linda egua que comprára em Villa Clara ao Manoel Duarte, e dous caixotes de livros. E a boa Miss Rhodes sustentava que Marte, como convinha a um heróe, só reclamaria Psyché depois d’um nobre feito, uma estreia nas Camaras, «n’um discurso lindo, todo flôres...» Quando Gonçalo, nas férias de Paschoa, appareçeu na Torre, encontrou Gracinha inquieta e descorada. As cartas do seu André, que se estreára «e n’um discurso lindo, todo flôres...», eram cada semana mais curtas, mais calmas. E a ultima (que ella lhe mostrou em segredo), datada da Camara, contava em tres linhas mal rabiscadas «que tivera muito que trabalhar em commissões, que o tempo se pozera lindo, que n’essa noite era o baile dos condes de Villaverde, e que elle continuava com muitas saudades o seu fiel André...» Gonçalo Mendes Ramires, logo n’essa tarde, desabafou com o pae, que definhava na sua poltrona:

— Eu acho que o André se está portando muito mal com a Gracinha... O papá não lhe parece?

Vicente Ramires apenas moveu, n’um gesto de vencida tristeza, a mão descarnada d’onde a cada momento lhe escorregava o annel d’armas.