A ILUSTRE CASA DE RAMIRES
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andorinhas piando no beiral dos telhados, o Fidalgo da Torre atirou um derradeiro repellão aos lençoes, saltou ao soalho, abrio a vidraça — e respirou deliciosamente o silencio, a frescura, a verdura, o repouso da quinta. Mas que sêde! uma sêde desesperada que lhe encortiçava os labios! Recordou então o famoso fruit saltque lhe recommendára o Dr. Mattos, — arrebatou o frasco, correu á sala de jantar, em camisa. E, a arquejar, deitou duas fartas colheradas n’um copo d’agua da Bica-Velha, que esvasiou d’um trago, na fervura picante.

— Ah! que consolo, que rico consolo!...

Voltou derreadamente á cama: e readormeceu logo, muito longe, sobre as relvas profundas d’um prado d’Africa, debaixo de coqueiros susurrantes, entre o apimentado aroma de radiosas flores que brotavam atravez de pedregulhos d’oiro. D’essa perfeita beatitude o arrancou o Bento, ao meio dia, inquieto com «aquelle tardar do Sr. Doutor.»

— É que passei uma noite horrenda, Bento! Pesadelos, pavores, bulhas, esqueletos... Foram os malditos ovos com chouriço; e o pepino... Sobretudo o pepino! Uma idéa d’aquelle animal do Titó... Depois, de madrugada, tomei o tal fruit salt, e estou optimo, homem!... Estou optimissimo! Até me sinto capaz de trabalhar. Leva para a livraria uma chavena de chá verde, muito forte... Leva tambem torradas.