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Mais fatos

Já com este elemento histórico não ficaria pouco adiantada a minha demonstração da venalidade propinada pelos nossos governos à imprensa. Mas, depois, vimos passar outra administração de quem a imprensa mesma contou de largueara, para os alfinetes, um mimosito de seus oitocentos contos a certo jornal bem conhecido.

Mas tarde veio à luz dos prelos outro caso o, de menos grossura na quantia, mas, pelas circunstâncias, talvez de caracterização ainda mais escandalosa. Era de um telefonema do presidente da República ao diretor do Banco do Brasil, para meter no bolso de certa redação em apertos financeiros a soma de duzentos contos de réis. O recado telefônico se cumpriu à risca, e o feliz periodista entrou no gozo de mais essa munificência, como quem tem a dentadura vezeira no traquejo da marmelada.

Correndo essa mesma administração, tive ensejo eu próprio de combater no Senado, mostrando, com a exibição fotográfica dos mais autênticos documentos, as larguezas de um dos seus ministérios, no hábito de lubrificar Marinonis com o azeite do Tesouro. A papelada e seus comentários ficaram nos anais do Congresso Nacional, onde o historiador os encontrará bem à mão, quando quiserem desenroupar a nossa hipocrisia republicana, e lhe estudarem as úlceras a olho.

Ainda agora mesmo um dos nossos mais antigos e bem medrados periódicos, argüido nominalmente de useiro nesses negócios, vassoirou