por tal. Já se não passassem daí os excessos, desatinos e tresvarios da impudência, muito, mais que muito e muitíssimo seria, para que lho tolerassem, onde quer que algum traço restasse do respeito do homem a si mesmo, do hábito de se reagir contra o crime ao menos nas suas insolências.
O mais grave, porém, é que além desse mais que muito, desse muitíssimo, desse muito e muito, ainda vão eles mui muito e muitíssimo mais longe, entregando-se de bandeiras despregadas a esse descaradíssimo, nojosíssimo e perniciosíssimo sistema de falsificação pública, de falsificação ostentativa, de falsificação em aberta orgia, entregando-se a ele por conta dos governos, por conta da nação, por conta do povo, à custa de cujo suor, de cujas contribuições e de cujo dinheiro se pagam os estipendiários da maior das torpezas, os desonradores da mais nobre das profissões, os mercadeiros da mais ignóbil das mercaturas: os vendedores da imprensa ao poder.
Essas casas de prostituição intelectual estariam todas fechadas se lhes não valessem as chaves do Tesouro Nacional, dos tesouros estaduais, dos tesouros municipais que fazem todas naquelas fechaduras tão à justa quanto nas dos cofres públicos, de que deviam ser guardas, e são gazua, para os despejar e rechear do seu conteúdo as arcas desses estafadores privilegiados.
O público não lhes merca os esquálidos produtos. Ninguém esperdiça os seus níqueis em tão vis alcaides. São as administrações públicas as que lhes custeiam a produção.