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VI
 
 
(Alfea f. 162)

Não vês que estou desterrado
da vista de Alfea ausente?
e que vejo claramente
que estando d'ella apartado
já não posso ser contente?

Ques que arrecee morrer
como se sei que na vida
contente não posso ser,
e de Alfea me querer
tenho a esperança perdida!

Coração, põe cobro em ti,
e minha morte consente!
pois ves que depois que a vi
sem saber parte de mi
ando perdido entre a gente.

E pois vês meu mal esquivo
ter só na morte guarida,
venha com mortal ferida!
que vivendo como vivo
nem morro nem tenho vida.

 

264 Sonetos e Oitavas epigrammaticas em dialogo estavam muito em voga, principalmente em assumptos funebres. — Nas Obras de Camões ha varios:

 

Que esperaes, esperança? — Desespero.
Qu'estilla a arvore sacra? — Um licor santo.
Quem jaz no gram sepulcro que descreve.

Confiram os Sonetos:

Chorae, Nymphas, os fados poderosos (161)
Ah minha Dynamene (172)
Debaixo d'esta pedra sepulcral (265)

 

e principalmente o inedito que publico na Nota 271.

265 Epigramma XXI da Ed. Academica, tambem em dialogo.

266 Impresso nas Poesias de Sá de Miranda N.° 122. Confira-se p. 420 e 841, Nota 9.

267 Talvez se lembrasse da Oitava de Montemór: Mirad, ninfas, la gran doña Maria.

268 As variantes do texto de Faria e Sousa, comparado com os impressos antigos e manuscriptos existentes, teem todo o caracter de emendas arbitrarias. Na 2.a quarteta relevou, como era de esperar, a pergunta: Como ficou sua luz? referindo-a ao convento e hospital da Luz!

269 No seu Panegyrico §75. João de Barros havia utilizado a mesma lembrança.

270 Arte de Galanteria p. 83. — Cf. Nota 220.

270b Para não sonegar argumento algum favoravel á interpretação de Faria e Sousa, registo aqui o facto que ha um Soneto inedito, attribuido a Camões, A' Morte da Princesa de Portugal, em dialogo como o que nos occupa.

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