Que gritos são os que ouço? — De tristeza.
Quem é a causa d'ella? — A morte só.
Tam grande mal nos fez? — Quebrou um nó.
Que nó? a quem atava? — A gentileza.
Era mais que fermosa? — Era Alteza.
Desfez-se em ouro? — Não! em terra, em pó!
Tambem é como nós? — Tambem! mas oh...!
Que gemes? — De perder a tal princesa.
Não ves que tudo é mundo? — Bem-no entendo.
Pois não te agastes! — Não m'o sofre a alma.
Que te consola aqui? — Na Vida vê-la!
Tam boa foi? — O reino o está dizendo.
Pois sabe que se cá levou a palma
Que lá terá tambem a palma d'ella.
(No verso 7, oh por só é emenda minha).
Mas o caso é diverso. A epigraphe falla claro. O texto tambem encerra indicações positivas (allesa, princesa). D. Juana, viuva do Principe de Portugal, morreu pouco depois da publicação dos Lusiadas (1573), quando o Poeta estava relativamente bem, graças à tença que D. Sebastião, filho da finada, lhe havia concedido. Tambem mal se pode duvidar conhecesse pessoalmente a mãe do seu bemfeitor, pois que a ella e ao Principe D. João, idolo de 1550 a 1553 dos poetas aulicos, havia dedicado a afectuosissima Egloga I.
272 O Cortigiano, emprestado em manuscripto a Vittoria Colonna, sahiu das mãos da illustre dama e foi espalhado em numerosas copias, contra a vontade do auctor que ainda não o dera por acabado. Sem insidia, bem se vê; unicamente em tributo de admiração e em virtude do incoercivel desejo de provocar os applausos dos amigos.
273 Confira se a Nota 115.
274 Com relação ao Poema de Santa Ursula consultem Storck, Vida § 139 e Sämtliche Gedichte vol. III, 362 ss.
275 Ed. 1595 N. 34. No Cancioneiro Juromenha ha uma epigraphe certamente secundaria, pois não indica o nome da destinataria: Soneto de Luis de Camões a uma senhora que por desastre se ateou o foguo de uma vella a sua face ou testa.
276 Vid. Pacheco f. 92 v. — Com respeito à filiação de D. Guiomar consulte-se a Hist. Gen. X 68 e Couto, Decada VII, 10, 17. D. Guiomar casou com D. Simão de Meneses, senhor de Louriçal. Sua irman D. Juana de Gusman, consorciou-se com Ruy Gonçalves da Camara, 1. Conde de Villafranca; a terceira, D. Isabel Henriques, com D. Affonso de Lencastre. — A respeito dos paes, D. Maria de Blaesvelt e D. Francisco Coutinho, 3.o Conde do Redondo, vid. Braamcamp, Brasões II 461. D. Luisa de Guzman, irman de D. Maria, casara com D. Affonso de Portugal, 2.° Conde do Vimioso (ib. 462).
277 Conde cujo illustre peito — Que diabo é tão danado — Vossa Senhoria creia.
278 Muito sou meu inimigo.
279 Ode VIII: Aquelle unico exemplo.
280 As indicações de Faria e Sousa nas Rimas 187 são inexactas e teem até hoje enganado todos os commentadores e biographos.
281 Hist. Gen, Provas II 615 e Resende, Vida do Infante D. Duarte Cap. 13.
282 A 10 de dezembro de 1541 Moraes mandava de Melun ao Conde de Linhares uma interessante carta, que o curioso encontra impressa nas Questões de Litteratura e Arte de Th. Braga, p. 254.
283 Visconde de Santarem, Quadro El-mentar III 283 e 304. Provavelmente regressou entre Dezembro de 1543 e Junho de 1544, voltando todavia a França no anno 1546, e em terceira viagem em 1549.
284 Em cartas intimas aos Condes de Linhares — ou antes ao primogenito dos Condes (D. Ignacio de Noronha) — o auctor do Palmeirim descrevia desassombradamente o que presenciava na Côrte francesa. E embora essas cartas não fossem lidas pelos reinantes, mais de um pormenor transpirou de certo e era commentado desvantajosamente, fazendo recrescer cada vez mais a antipathia de D. João II contra o que chamava «as facilidades da Côrte francesa». — Já mencionei a missiva de 10 de Dezembro de 1541, impressa por Th. Braga. Estão ineditas: a Relação das festas celebradas por occasião do desposorio de Jeanne d'Albret com Guilherme de Cleve (1541) e a das Exequias e Enterro de Francisco I (1546), e mais outra sobre assumpto português, o Torneio de Xabregas (1553) em que havia tomado parte o neto do 1.o Conde de Linhares, o joven D. Antonio de Noronha, discipulo e amigo de Camões, e outros mancebos nobres dos circulos freqüentados por Moraes, Caminha e Camões. Basta nomearmos João Lopes Leitão, Fernão da Silva, Gomes Freire e Francisco de Moura.
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