311 Na Carta da India ha outro pequeno e singelo improviso sobre o mesmo mote, mais sentido que o primeiro. Creio que se refere, entre lagrimas brincando, ás tristezas do proprio poeta:
Em um mal outro começa
Que nunca vem só nenhum,
E o triste que tem um
A sofrer outro se ofreça!
E só pelo ter conheça
Que basta um só que tenha
Para que outro lhe venha!
Estas Trovas andam intercaladas entre una poesia humoristica a João Lopes Leitão e os versos galantes a D. Guiomar de Blasfé.
312 E' escusado insistir no facto que fidalgo tão illustre teve mil occasiões de se aproximar da Infanta. Um irmão de Jorge, Ruy Pereira da Silva, em 1549 guarda-mór do Principe, teve um filho Fernando, o qual era da casa da Infanta. Vid. Andrade, Chronica de D. João III, Parte IV, cap. 381 e Pacheco f. 91. Provavelmente depois da morte do Principe, cujo pagem fôra.
313 cargo, hereditario na familia, costumava passar de pae a filho. O Regedor João da Silva morreu em 1557, um anno após seu primogenito Diogo da Silva, que era considerado herdeiro do cargo. O filho d'este, Lourenço da Silva, chefe natural da casa de Vagos, entendia que o cargo tambem lhe pertencia de direito. Teve todavia que disputá-lo em longa demanda a Jorge, que apoiado pela Rainha, entendeu que o fallecimento de Diogo, antes do avô, lhe dava a elle, Jorge, a preferencia, por ser filho segundo do Regedor. Lourenço venceu porém o pleito, no reinado de D. Sebastião (1568), e provou pelo acerto e inteireza do seu proceder que tambem era digno das elevadas funcções tradicionaes na familia. Vid. Joaquim de Vasconcellos, O Convento de S. Marcos em Rev. de Guimarães XIV, p. 69. — Jorge era, segundo o parecer de uns, filho segundo; no de outros Ruy Pereira o precedeu em idade. Neste caso a razão porque esse não reclamava o posto seria falta de estudos juridicos?
314 Andrade, Chronica IV cap. 38.
315 Ver os Chronistas de D. Sebastião, como p. ex. D. Manoel de Meneses, p. 45 e os especialistas da Jornada de Africa. Tão velho, fraco e doente estava que era transportado numa liteira, a historica liteira em que o corpo del-rei foi levado do campo de batalha. Mesmo o Regedor Lourenço, seu sobrinho, que tambem ficou no campo de honra, com tres ou quatro irmãos, já era na occasião de veneravel presença.
316 Acerca da igreja e do convento veja-se o estudo supra-citado de Joaquim de Vasconcellos e outro do mesmo na publicação A Arte e a Natureza em Portugal, Porto 1901, N.o 2.
317 E' o que dizem os historiadores. Em 1557 Jorge desempenhava as funcções de Regedor. A' morte de D. Manoel fôra presente o Regedor João. Creio que o ceremonial exigia essa presença do magistrado supremo das Justiças.
318 Innocencio da Silva IV 176 e XII 184; Canc. d'Evora 56. — Falcão de Resende dedicou-lhe um Soneto, mandando-lhe os versos de S. Bernardo.
319 Andrade, 1. c.: «De Jorge da Silva, filho do mesmo regedor João da Silva, hum dos tres primeyros no serviço do Principe, se não tratou por então, por elle ter tomado hum modo de vida com que parecia que tinha renunciado a tudo o que da corte se podia esperar.» Outros auctores especializam, narrando que naquella epoca punha todo o seu desvelo em soccorrer diariamente os desvalidos com largos donativos.
320 Os seus escritos sahiram de 1552 a 1557. Não sei se erro, calculando a epoca de maior fervor religioso de 1548 a 1556.
321 Barbosa Machado falla de dois casamentos. Enganam-se os que consideram D. Luis de Barros como filha do historiador. A esposa d'este não se chamou Filipa de Mello; mas antes Maria de Almeida, dos Almeidas de Pombal e Linhares. Cf. Nota 326.
322 Pelos dados que nos ministram os historiadores (incluindo Frei Luis de Sousa, nos Annaes e na Hist. de S. Domingos) e auctores genealogicos como Salazar (VIII c. 7 e 9), fallando unanimes da sua velhice e tratando-o de ancião muito virtuoso e santo, calculei que nasceria em 1508, pouco mais ou menos, e assim o apontei na Zeitschrift 1. c. (O pae viveu de 1482 a 1557). Manuscriptos relativos ao Convento de S. Marcos indicam todavia, indirectamente, data um tanto posterior. Exarando 1511 como anno do nascimento do primogenito do Regedor, e 1517 como o do 4.o filho João Gomes da Silva (fall. em 1543, na idade de 26) obrigam-nos a collocar os principios de Jorge em 1513, se foi filho 2.°, ou em 1515, a terem razão os que lhe dão o terceiro logar.
323 Outro, ou outros. Além dos dois citados, conheço um Jorge da Silva, filho de Ruy Pereira, e outro, filho de Lourenço, o qual, captivo na batalha de Alcacere, falleceu depois em Africa. Vid. Hist. Gen., XI, 719 e 924; XII, 97; S. Marcos, 70.
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