princesas em outros reynos são inclinadas, Vossa Alteza... em lugar de cães que desassossegão... penetra a sagacidade e ligeireza de seu espirito os cavados das pedras, desencovando aquella formosa pomba de Salamão que he a graça do Espirito Santo e os sentidos da Escritura,.... e quando o tempo lhe não dá lugar a esta caça, porque em huma ha de semear e em outra ha de colher, gasta estes intervallos no exercicio da musica...». ― Que jogos florais, ou jogos malabares, de espirito!
36 De Tabella qua depicta fuit Serenissimi Joannis III Lusitanorum Regis Soror Maria Princeps Augustissima:
Expre ad viuum divinam Ollanda Mariam
Tentavit, raro dignum opus artifice.
Et talem expressit, qualis collata Dianæ est
A vate Alcinoí filia Mæonio.
Scintillare oculi stellata e fronte videntur,
Et micat in roseo viuidus ore decor.
Vultus maiestas est cui fastigia rerum
Deberi, iusta cum ratione putes.
Quod si Penelopes formam celeberrimus olim
Depinxit Zeuxis cum probitate simul,
Et felix manus Ollande 'monstrauit eadem
Augustæ mores Virginis in tabula.
Denique si posset mortali lumine cerni
Hac facie Virtus conspicienda foret.
Nec tamen ostendi potuit satis illa venustas.
Qua toto visum est gratius orbe nihil.
37 Pacheco reimprimiu os epigrammas e addicionou una versão de um vulto «de ingenio subido». Ainda assim não é boa nem fiel. O traductor suppõe p. ex. que o vocabulo Ollanda (deturpado em blanda!) significa a tela sobre a qual fora traçada a pintura. (Mais provavel é que fosse sobre taboa). Tão pouco percebeu quem eram o vate Meonio e a filha de Alcinoo. Por estas e outras deficiencias privou à poesia do capitoso aroma classico que a redacção latina exhala.
38 Resende trata de ruivos os seus cabellos (flavos), e ruivos, como os de todos os membros da casa reinante, são em todos os quadros lisbonenses. Os da mãe eram acastanhados.
39 No Catalogo de los Cuadros del Museo del Prado, D. Pedro de Madrazo dizia singelamente, tanto na edição de 1833 como na de 1850: «N.o 1376, Retrato de la infanta doña Maria, hija de don Manuel rey de Portugal. Posteriormente substituiu a forma affinnativa pela dubitativa, pondo: «Retrato de una dama joven desconocida. La tradicion la supone hija del Rey D. Manuel de Portugal, pero no hay fundamiento que la abone». (Ed. 1873, N. 1489). Na Revista de Archivos está em via de publicação um Catalogo de Retratos que talvez nos ministre esclarecimentos.
40 A filha de Carlos v viveu até 1603. Cf. Nota 198 205.
41 E' costume affirmar que Moro veio à peninsula em 1552. Todavia, se pintou ao natural a filha de Carlos V, na corte do pae, o pintor deve ter chegado a Madrid em 1551, a mais tardar. A Portugal é que passaria no anno immediato.
42 Para comprovar a alludida confusão entre a filha e a meia-irman de João III, remetto o leitor não só novamente á obra de Raczynski, mas tambem ao Diccionario Historico de Cean-Bermudez (III, 202). Ahi se affirma que Moro, tendo retratado em Madrid ao Principe Felipe, seguiu para Portugal a pintar la princesa D. Maria (o que pode ser exacto, tomando nós princesa em sentido generico) y primera muger de Felipe II (o que é impossivel, visto essa ter fallecido em 1545). Cf. p. 42 e. Nota 52.
43 Essa irman de Carlos v, que igualmente apparece na Vida da Infanta (a p. 23 e 41), chamava-se tambem D. Maria. E seu retrato, pintado por Moro, tambem lá estava no Pardo, até 1608.
43 A 22 de Setembro de 1552 a Rainha D. Catharina de Portugal mandou pagar a Moro a somma de 200 mil reis (500 cruzados) pelos retratos d'ella e de D. João III. Vid. Raczynski, Lettres, p. 255.
45 Vid. Cean-Bermudez, Diccionario III, pag. 204.
46 Nos retratos da Luz e da Encarnação nota-se todavia, numa bocca pequenina, uns beiços um pouco grossos que lembram os da casa de Austria, ou digamos os de D. Leonor. — E' uma differença que logo se impõe à primeira vista. O nariz tambem é differente, sendo mais bem talhado no quadro que reproduzimos.
47 Em 1882 Joaquim de Vasconcellos dizia a este respeito numa Nota sobre a proveniencia do Retrato publicado no Plutarcho: «A tradição é veridica e em abono d'ella citamos o seguinte documento, desconhecido de Madrazo. E' um quadro em taboa do sec. XVI, que appareceu na Exposição de Arte Ornamental em Lisboa em 1881 (N. 178 do Catalogo p. 201). Representa Nossa80