creança, em que mal fixára a attenção até alli, e pela primeira vez se demorou a observal-a com alguma insistencia.
— É interessante esta pequenita — pensava elle comsigo.
Christina ia a levantar os olhos para responder a D. Dorothéa, quando encontrou os de Henrique a fital-a. Assomou-lhe então ás faces um mal pronunciado rubor, a palavra resolveu-se n’um sorriso e os olhos baixaram-se de novo.
— Ha de ser adoravel esta mulher — pensou d’esta vez Henrique, vendo-a sob novo aspecto.
O conselheiro disse, sorrindo:
— Ora, que estão a dizer? A Christe até está com umas côres muito bonitas. Triste? Melancolias dos dezoito annos nunca me deram cuidados. Provavelmente está agora n’algum episodio sentimental no romance da sua imaginação. Não sondemos aquelles mysterios, mana. Já não é para nós comprehendel-os, prima Dorothéa.
Todos riam do dito do conselheiro, o que redobrou o enleio de Christina.
A morgadinha, a quem não passára despercebida a impressão, que a prima d’está vez parecia ter causado a Henrique, quiz aproveitar o ensejo que havia tanto procurava, e para isso propoz que se désse uma volta pela aldeia antes da missa do dia. Esperava ella que as attenções de Henrique, durante o passeio, seriam para Christina, se não decorresse o tempo preciso para que se dissipasse no espirito do voluvel rapaz a impressão que o dominava.
A manhã convidava á excursão campestre. A proposta da morgadinha foi acolhida com applauso. O conselheiro prometteu acompanhal-os até á casa do herbanario, a quem tinha de visitar aquella manhã.
Levantaram-se todos da mesa, e á excepção de D. Victoria e D. Dorothéa, todos saíram.
A morgadinha, sob não sei que pretexto, deixou-se