chegou á vista do herbanario, que dera audiencia sub tegmine fagi.
Estava sentado á borda de um tanque, a que uma d’essas arvores dava sombra.
O conselheiro saiu emfim de traz dos limoeiros e veio ter com elle.
Ao rumor dos passos, Vicente voltou a cabeça, e, depois de reconhecer quem era, retomou a sua primeira posição e ficou silencioso.
— Bons dias, Vicente — disse o conselheiro com familiariedade e parando defronte d’elle.
— Bons dias, Manoel — respondeu o herbanario, deixando-se ficar sentado.
— Saía agora d’aqui um homem, que julgo será rebelde a toda a tua medicina. Padece de mal que se não cura.
— Os vicios são enfermidades mais rebeldes do que os achaques do corpo, são.
— Já que tu não appareces no Mosteiro, como d’antes, para solemnisar comnosco as festas do Natal, vim eu vêr-te.
— Obrigado.
— A tua misanthropia vae-se azedando, Vicente — continuou o conselheiro, sentando-se á beira do tanque. — Cada vez te estás a sequestrar mais dos homens, cada vez mais os aborreces.
— Eu não aborreço os homens, enganas-te. Não os aborrece quem passa a vida a procurar os meios de alliviar os padecimentos dos seus semelhantes. Estou velho, isso sim; e, como velho, encontro já no mundo pouca gente com quem me entenda. As ideias do meu tempo passaram. Por isso deixo-me ficar em casa a pensar n’elle.
— És um homem singular; um verdadeiro philosopho. Ora dize-me: e em que cogitas tu, quando assim passas uma manhã inteira, sentado n’esse banco, com os joelhos ao sol, os braços cruzados, e os olhos no chão?
— No passado. Pois não t’o disse já? O domingo