—E depois a mim:
Viva a senhora Maria,
A perola das criadas,
Quando se chega á janella
Ficam as estrellas pasmadas.
—Ora com o que você vem, mulher! Não tinham as estrellas maïs que fazer do que pasmarem—disse D. Dorothéa.
—Isso é por dizer, senhora; já se sabe que... sim... como o outro que diz...
—E além do João do Trolha, quem ha maïs que faça versos?—perguntou Henrique.
—Que eu saiba...—disseram as duas.
—E aquelle Augusto?
—O Augustito do doutor? O filho! Coitado do pobre rapaz. Elle sim! Credo! Não, aquillo é um rapaz de muito juizo.
—Isso não tira. Então a tia julga que só os tolos fazem versos?
—Tolos não digo, mas...
—Mas um pouco feridos na aza, não é verdade?
—Ora pois então dize-me tu, menino, se um homem sério... sim... um homem de respeito, faz versos?
—Por que não?
—Versos?!
—Versos, sim, senhora.
D. Dorothéa fez um gesto de incredulidade.
Henrique ia redarguir, quando ouviram passos no patamar de pedra da entrada e após algumas pancadas á porta da sala.
—Abra, tia Dorothéa—disseram de fóra as vozes de Magdalena e deChristina, que fôram logo reconhecidas.
E cêdo depois entravam alegremente na sala, em companhia de D. Victoria, que vinha maïs retardada.
D. Dorothéa levantou-se para recebel-as.