—Volto á minha solidão, Christina—disse-lhe, commovido.—Não lh’o tinha eu dicto?
A pobre menina quiz sorrir, mas do esforço que para isso fez só lhe resultaram lágrimas.
—Não diga maïs nada—disse Henrique, levando aos labios a mão que ella não retirou.—Essas lágrimas bastam-me.
Escusado é dizer que estás palavras maïs lágrimas produziram.
E Henrique desceu do patamar com a vista ennevoada por ellas.
Christina ficou a chorar na varanda.
A morgadinha veio, sem ser sentida, abraçal-a, dizendo:
—Pago-te hoje o abraço que me déste no outro dia; mas eu escuso de te perguntar... «Pois tu amaval-o?»
—Ai, Lena!...—exclamou Christina, cada vez chorando maïs.
—Faltava aos vossos amores este arremêdo de infelicidade, e imaginaram uma separação de duzentos passos para poderem representar a scena das despedidas, e chorarem como Paulo e Virginia. Impostores!—dizia Magdalena, para consolal-a.
Em Alvapenha Henrique passou horas de intensa melancolía. Impacientavam-n’o as conversas de sua tia e de Maria de Jesus, a qual taes mudanças notava n’elle, que chegou a aventar á ama a ideia de que a doença tinha transtornado o juizo ao rapaz, opinião que D. Dorothéa levou muito a mal.
Outro symptoma que se manifestou em Henrique foi a indignação que lhe causou a carta de um amigo que, com o maior scepticismo, lhe perguntava novas dos seus hábitos pastoris e das Tirces e Galatéas que o traziam enlevado. Henrique revoltou-se d’esta vez, com todo o fogo do coração, contra aquelle tom frio e sarcastico da epistola, e nem lhe respondeu.
Depois teve Henrique uma visão.