—Sim, lembra-me que já me falaram n’isso—disse Henrique, pensativo.
—É verdade. O peor é que é este seu criado quem tem de a acompanhar até á quinta, depois d’ámanhã á meia noite...
—Então depois de ámanhã á meia noite?
—Sim, mas não diga nada, que isto é segredo da pequena.
—Esteja descançado.
E depois de maïs algumas historias contadas por Torquato, e a queHenrique não ligou attenção, aquelle retirou-se.
Ao ficar só, Henrique caiu em nova e profunda abstracção. Elaborava-se-lhe na ideia um projecto. O de ir aos Cannaviaes para presenciar aquelle acto de fervorosa devoção de Christina, que supplicára por elle, enfermo, com o ardor da maïs pura crença, com a effusão do maïs generoso affecto.
N’este intento tratou de se informar a respeito dos caminhos que conduziam á quinta, que elle ainda não visitára, e sobre como penetrar até á capella da casa, onde devia ser cumprida a promessa.
D. Dorothéa, D. Victoria e Magdalena deram-lhe os esclarecimentos precisos sem que suspeitassem das intenções com que elle lh’os pedia.
XXVIII
A casa e quinta dos Cannaviaes, deshabitadas depois da morte da velha morgada, madrinha de Magdalena, era uma sombria residencia, situada n’um dos maïs êrmos e melancolicos logares da aldeia.
O tempo, cuja acção não contrastada se exercera livremente n’ellas, viera augmentar o aspecto soturno que desde a origem apresentava esta casa,