— Pois tambem a ti o disse? Olhem que homem de segredo!
— Isso é que não. Eu não disse á sr.a D. Magdalena... Ella é que...
— Foi o que eu disse ha pouco. A discreção do Torquato é que revelou o segredo.
— Como?
— O Torquato falou com o seu velho amigo herbanario.
— Eu a esse não disse.
— Não, a esse quiz occultar, e d’ahi é que veio o mal.
— Ora, ora...
— O que eu sei é que Vicente veio procurar-me á porta do Mosteiro, e ralhou-me com uma severidade e uma aspereza, como ainda lhe não tinha merecido nunca. Estava o homem convencido de que eu era a heroina de umas aventuras romanticas que se verificavam de noite n’esta minha propriedade dos Cannaviaes. E tão irritado estava, que me não quiz ouvir, quando eu procurava esclarecer o que para mim era um perfeito enigma. Ao retirar-se, porém, disse-me que não lhe quizesse occultar a verdade, porque do Torquato soubera tudo.
— Eu não disse...
— E depois a prima...
— Eu então chamei este senhor, armei-me de toda a minha gravidade, e exigi que falasse e me dissesse tudo o que havia e tudo o que sabia a respeito de uns passeios aos Cannaviaes; elle estava pêrro, mas a final falou.
— Mas sabia tambem que eu vinha? — perguntou Henrique.
— Pois não se lembra de que pela manhã me tinha cançado com perguntas a respeito do caminho para a casa dos Cannaviaes? Eu já extranhava a insistencia; depois do que soube, tive uma suspeita. Perguntei ao Torquato se lhe falára n’isto. A resposta d’elle, apesar da sua hesitação e ambiguidade,