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justamente aquella onde estava constituida a unica assembléa de que se compunha o circulo eleitoral, e onde o leitor tem passado commigo todo o tempo que dura a nossa narração.

Foi então que votou o conselheiro e os outros conhecidos nossos, entre os quaes o Zé P’reira.

Com este deu-se um episodio comico, que merece menção.

O brazileiro ao receber a lista que elle lhe offerecia, sabendo-o parcial do conselheiro, recusou-a, allegando que estava marcada, o que era contra a expressa determinação do artigo 61.º, § unico, da lei eleitoral.

Sabidas as contas, a supposta marca era de natureza de que seria quasi impossivel isentar papel ou objecto qualquer saido das mãos do Zé P’reira. Era uma nódoa de vinho.

Discutiu-se, ainda assim, se a nódoa era marca ou não era marca, e se lhe deviam ser applicadas as disposições do § unico do artigo 61.º.

A discussão intrincada foi cortada por o Zé P’reira, que disse com a maior candura:

— Se essa está suja, sr. Tapadas, eu tenho aqui mais d’aquellas que vocemecê me deu.

O proprio conselheiro desatou a rir.

O brazileiro resmungou:

— Então ha suborno aos eleitores? Como se entende isso?

-Ora, não bula na chaga, senão temos muito que ouvir — disse o Tapadas, e accrescentou: — ande para deante; deite a sua lista, sr. Zé.

Os governamentaes, que iam de cima, mostraram-se tolerantes, e a lista caiu na urna.

Estava a findar a primeira chamada.

Já se liam os ultimos nomes, segundo a ordem alphabetica.

A gente de Pinchões, á voz do sr. Joãozinho, apromptava-se para breve entrar em acção na segunda chamada, que ia principiar.