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O brazileiro recebeu-lhe a lista, e introduzia-a na urna.

Então o herbanario, cada vez mais anciado, correu os olhos pela assembléa a procurar alguem. Viu o conselheiro que não ousava approximar-se, olhou-o algum tempo com uma expressão singular e no fim estendeu-lhe a mão. O conselheiro apertou-a nas suas, commovido.

— Manoel, — disse-lhe o velho em voz sumida — não me cegava tanto o resentimento, que te negasse esta justiça. Eu era ainda teu amigo.

— E sel-o-has sempre, Vicente.

— Sempre que o seja... por pouco tempo será — respondeu o velho, sorrindo tristemente.

— Que dizes?... Mas... que tens tu, Vicente? Que sentes?

— Tio Vicente!... exclamaram tambem Augusto, o morgado das Perdizes, e outros mais.

A physionomia do herbanario transtornára-se assustadoramente; parecia luctar energicamente para falar ainda, mas a voz embargava-se-lhe na garganta.

— Já não posso... — murmurou elle. — Queria dizer-te...

E apontando para Augusto, e olhando para o conselheiro, disse-lhe ainda:

— Era... d’este... Elle é... elle está...

Os braços de Augusto, do conselheiro e do morgado das Perdizes, ampararam-lhe o corpo que ia a cair por terra.

Foi nos braços dos tres que expirou o herbanario, porque estava devéras morto, quando o fôram a erguer.

O alvoroço foi geral na igreja. Todos a abandonaram, correndo para o adro, para onde foi levado o velho, a vêr se era possivel reanimal-o. Todos, á excepção do brazileiro, que ficou a vigiar a urna, e de um agente do Tapadas, que ficou a vigiar o brazileiro.