― Joanna Pedrosa, de Serzedo ― continuava elle.

― Aqui estou; será do meu Antonio, senhor? ― disse uma velha, pobremente vestida.

― Será do seu Antonio, será ― respondeu o insensivel funccionario; ― o que lhe posso dizer é que traz obreia preta.

A mulher, que já tremia ao receber a carta, deixou-a cair, ouvindo aquellas sinistras palavras. Apanharam-lh’a; e ella, tomando-a, saiu da loja, a chorar lastimosamente.

― Se foi o filho que lhe morreu, não sei o que ha de ser d’ella ― disse um dos circumstantes.

― Coisas do mundo! ― respondeu outro.

Estes commentarios foram interrompidos pela continuação da leitura.

― João Carrasqueiro.

― Prompto, senhor ― bradou um velho.

― A mezada, hein? ― disse Bento Pertunhas, fitando-o por cima dos oculos. ― O rapaz não se esquece.

― Deus Nosso Senhor o ajude, que bem bom filho tem saido.

― D. Magdalena Adelaide de...

― É a morgadinha, é a morgadinha ― disseram a um tempo muitas vozes.

― Agradecido pela novidade; era cá muito precisa a explicação ― disse o Pertunhas: e passando a carta para uma mulher, que era a encarregada de fazer a distribuição a quem a podia gratificar, accrescentou:

― Leve-lh’a a casa.

E proseguiu:

― Augusto Gabriel...

― É o mestre-escola...

― Ora fazem o favor de estar calados! Esta... como elle vem por aqui... pode ficar... ainda que... será melhor levar-lh’a a casa, leve, leve tambem...

― João Cancella.