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Emfim, chegou. O conselheiro poz de lado os memoriaes e requerimentos; Henrique deu subito desfecho ao jôgo com um lanço absurdo, e ambos se precipitaram sobre os periodicos e cartas; Angelo veio encostar-se ao espaldar da cadeira de Henrique.

O conselheiro principiou por ler uma carta.

Henrique rompeu a cinta do primeiro periodico.

—­Oh! oh!—­disse o conselheiro, logo ás primeiras linhas que leu.—­Temos crise ministerial. As eleições fôram pouco favoraveis ao governo; perderam-se em quasi toda a parte!

—­Assim tambem se deprehende do estylo em que vem escripto este artigo de fundo—­disse Henrique.

—­Dizem-me n’esta carta que já se fala em que o ministerio vae pedir a sua demissão.

—­Este artigo allude apenas a uma reconstrucção do gabinete.

-«O governo—­proseguiu o conselheiro, lendo,—­nem espera pela constituição da camara e cáe por estes dias, infallivelmente. Quando vossê receber está, já talvez elle pertença aos livros findos.»

—­«Diz-se que ha para está noite conselho de ministros para resolver sobre qual o seu procedimento, visto a indole provavel na futura camara»—­lia Henrique no periodico, que logo em seguida pôz de lado, para consultar outro.

—­«Não imagina—­continuava o conselheiro, lendo a carta—­o movimento de ambições que vae já por aquí». Ora se não imagino!

—­Um numéro do Suffragio Nacional!—­exclamou Henrique, abrindo segundo periodico.—­Provavelmente é alguma amabilidade que lhe dirigem, sr. conselheiro; elles que lh’o mandam!

—­Sim, decerto. Como da outra vez. Veja lá,—­disse o conselheiro, sorrindo—­aos moribundos tudo se perdôa.

Henrique correu a vista pela folha, para saber o