dictava-lhe uma violenta resposta, mas já lh’o não permittia a consciencia.
Augusto continuou:
— Sei que v. ex.a está já convencido de que as suspeitas, que pesavam sobre mim, eram injustas. N’esse periodico, que ainda tem na mão, veem as provas da minha innocencia. Vi-o em casa do Seabra, d’onde venho agora. Procurei-o, decidido a saber toda a verdade por qualquer preço que fôsse; elle não m’a negou; contou-me tudo. Por isso, ao vir aqui, sr. conselheiro, ao voltar a esta casa, onde era recebido como amigo, antes que me expulsassem d’ella como infame, esperava encontrar a receber-me a justiça e a amizade... Enganei-me; em vez d’ellas, foi o insulto, mais pungente e menos justificado do que o primeiro, que eu encontrei!
— Menos justificado? — repetiu o conselheiro, azedadamente.
— Menos justificado, sim, muito menos; porque v. ex.a podia julgar-me criminoso, pode julgar-se com direito de duvidar de mim, mas não tem o de duvidar de sua filha; porque a sr.a D. Magdalena pedindo a seu irmão que a acompanhasse a casa de um pobre, que ella sabia ser victima de uma immerecida accusação, e a quem o desalento e o desespêro faziam succumbir, não se esqueceu do que devia a si e aos seus; pelo contrario, aos seus devia aquelle acto de sublime generosidade, porque das mãos dos seus viera o golpe que me ferira. Eu tinha sido expulso d’esta casa, sr. conselheiro, como um miseravel e infame; os filhos de v. ex.a, que sempre fôram meus amigos, a quem v. ex.a ensinára a sel-o, vieram á minha dizer-me: «Não parta, deve á nossa confiança a justiça de ficar».
— É verdade — disse Angelo — eu acompanhei Magdalena. O pae diz-me muitas vezes que não tenha pressa de principiar a duvidar; eu não podia principiar por Augusto. Não duvidei.
O conselheiro respondeu a Augusto com reserva